Novo momento para o turismo: dentre as apostas para aquecer o setor, está o turismo local

Sergio Tavares, da Rio EcoEsporte, fala sobre a retomada do turismo e suas perspectivas para o “novo normal”

Novo momento para o turismo: dentre as apostas para aquecer o setor, está o turismo local

A retomada das atividades econômicas tem gerado, em todos os setores, uma adaptação. E, o turismo é o que mais sofre. Segundo o Ministério de Turismo, antes da pandemia, de janeiro a dezembro de 2019, o desembarque nos aeroportos do país cresceu 1,8% em relação ao mesmo período no ano de 2018.

Mas, nada para desânimo. Muitos profissionais acreditam que mesmo com uma demanda reprimida, o primeiro a se levantar, será o turismo local. Para Sergio Tavares, professor e empresário da agência Rio Eco Esporte que promove atividades esportivas, turísticas e de ecoturismo local, o cenário pode ser positivo, mas, é preciso criatividade e uma nova visão. Ele nos fala mais sobre suas expectativas. Acompanhe:

Para Sérgio, o turismo local já vem se mostrando muito forte. As pessoas querem sair, mas, ainda não se sentem seguras em sair pra longas distâncias. Como o turismo internacional se encontra inviável, ele acredita que uma alternativa é o turismo local, dentro da sua própria cidade, o que pode ajudar muito nesse processo de retorno do turismo. “É uma belíssima solução, tanto para o setor, quanto para a população”, comenta.

O profissional conta que a retomada do turismo ganhou um espaço muito especial neste momento, por ter recebido uma dimensão terapêutica. É um momento que ele acredita que as pessoas precisam retomar suas rotinas sociais, sua vida de trabalho, a vida de lazer. E, como o turismo não é um assunto isolado, deu a chance de fazer com que este lado social e de lazer acontecesse, considerando aspectos muito cuidadosos em relação a segurança sanitária da prática de lazer. “O turismo ganhou um papel muito importante. Ele pode ajudar no processo de organização da sociedade a partir de parâmetros, que embora muito convenientes, pelo lado da ludicidade, do prazer, permitem muitos níveis de controle, permitem bastante segurança”, diz.

Quando perguntado sobre o que acha da confiança das pessoas para a retomada do turismo, ele conta que avalia um comportamento de retorno, com viagens curtas. Até porque nem todo lugar está aberto ainda. Em sua análise, as pessoas tem ido a locais que se sentem familiarizadas ao local, ou lugares em que tenham informações seguras, pois as informações flutuam e ainda não é seguro ir a qualquer lugar. Uma sugestão de Sérgio para este momento é procurar fazer programações que possam atender critérios de seguranças e evitar riscos de informação, e sanitários.

Tavares conta que o turismo local tem se favorecido, pela cultura do morador nem sempre conhecer seu próprio bairro, muito menos sua cidade.

“Fica muito claro, quando levamos aqui no Rio de Janeiro, que é uma cidade muito especial neste sentido, por possuir todas as alternativas para explorar o prazer das pessoas de estar dentro do nosso espaço. Há uma diferença, quando levamos um turista para ir a um mirante, como a Pedra Bonita. É interessante, eles se emocionam, por ver uma paisagem bonita, que eles não conhecem. Mas, quando nós levamos um carioca é muito emocionante. Porque as pessoas estão vendo seu próprio bairro. Ficam atentas e reconhecendo seu local, de um ângulo que elas não conheciam, vendo as fronteiras de sua cidade. Então são experiências muito intensas de atividades correlatas, mas, não é a mesma coisa. É muito importante que o carioca aproveite agora para conhecer a sua própria cidade, as mais de 70 praias. As duas maiores florestas urbanas do planeta. Todo repertório que o Rio de Janeiro tem para oferecer em função do contato com a natureza e a riqueza cultural, que tornou não só o carioca, como o brasileiro, conhecido no mundo inteiro. É a hora de se fazer com calma e segurança a abordagem da sua própria identidade.”

Sergio dá dicas de lugares menos explorados para se conhecer no Rio de Janeiro

Novo momento para o turismo: dentre as apostas para aquecer o setor, está o turismo local
Praia da Reserva | Rio de Janeiro

Uma dica são as praias selvagens ainda não muito conhecidas. São acessíveis por trilhas simples. Na área de Guaratiba. Tem a Praia do Perigoso, dos Búzios, do Inferno. Apesar dos nomes emblemáticos, são praias calmas, que ainda nos dão a chance de desfrutar das trilhas que tem origem principalmente na Barra de Guaratiba. Além das praias selvagens, Sergio recomenda, Grumari, Prainha, um santuário da cidade carioca, em uma área de proteção ambiental e a Praia da Reserva, que tem as mesmas características e fica ainda mais próxima dos centros urbanos.

Para que prefere as montanhas, o Parque da Pedra Branca é ainda pouquíssimo conhecido pelos cariocas. A trilha das cachoeiras que fica na área do Quilombo do Astrogilda Cafundá. No local, outra grande atração, é o restaurante da região “Tô na Boa”, com comidas típicas, de boa qualidade.

A Pedra Bonita, como citada anteriormente, para ele é um atrativo imperdível. Nos dá a visão do Rio em 360 graus.

Pandemia pode contribuir com o Ecoturismo

E, se precisamos extrair algo bom de tudo que nos acontece, mesmo em meio a todas as dificuldades que a pandemia nos apresenta, Sergio entende que ela é uma janela de oportunidades. Até porque, todo mundo precisa retornar, a sua relação com o meio externo, com cuidados. E os cenários da natureza, menos modificados, são os mais seguros. “A pandemia nos trouxe a oportunidade de lembrar o quanto as vezes estamos distantes de coisas importantes, principalmente para quem mora numa cidade como o Rio. Podemos ver como a Fauna está reagindo, os peixes e pássaros se aproximando de locais onde já não frequentavam. Acreditávamos que as onças estavam extintas dentro das cidades, e tivemos um registro inesperado de uma onça parda no Parque da Pedra branca”, conta.

Para a Rio Ecoesporte, empresa gerida por Sérgio, eles estão voltados  para as os segmentos que já trabalhavam ligados às áreas de atuação em hotéis, programação de ecoturismo, turismo cultural, e a novidade é a  gestão de parques. Já em funcionamento, onde funcionava a Fazenda Alegria, em Vargem Pequena, eles criaram uma parceria para organizar o Rio Eco Parque. No Espaço da Reserva (entre a Barra e o Recreio), onde funcionava  o restaurante Local e hoje tem um terminal de balsas, eles estão organizando um clube de atividades sócio ambientais, que pretende ser um lugar para se reunir, com amigos, família, receber também, ambientalistas, para práticas construtivas junto a natureza, e complexo lagunar. O local ainda apresentará algumas alternativas de lazer náutico e esportivo. E, o projeto das praias, com o Rio Ecotreino, que é  uma forma de fazer atividades físicas na praia, enquanto lugar seguro para este retorno, e funciona como uma academia ao ar livre que está sendo potencializada, para a sociedade, que deseja retomar atividades, de forma segura  e prazerosa, pois para Sérgio é preciso voltar, porém de forma segura.

O empreendedor finaliza falando que está muito esperançoso por um retorno com o que é normal, numa alta temporada, pois o trabalho de turismo é sazonal.

“A pandemia trouxe demandas oriundas da carência das pessoas com o contato externo. Nós precisamos que as autoridades, municipais, estaduais e federais estejam atentos aos estímulos a tudo que pode permitir essa reorganização, tanto  no que diz a legislações específicas, quanto a fiscalizações dos excessos, e o estímulo a empresas que querem progredir com responsabilidade socioambiental, precisamos do apoio dos órgãos governamentais para que possamos fazer esse setor produzir o que precisa produzir no Rio de Janeiro”, finaliza.

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