Jovem conta como foi fazer um intercâmbio social no Peru

Era agosto de 2015 quando tinha acabado de passar no vestibular e efetivamente me tornado um universitário. O curso? Administração Pública! Escolhi por ser uma área cheia de desafios e com poder de transformação social gigante. Logo na chegada na universidade fui abordado por outros estudantes que me mostraram como era a Aiesec e o seu diferencial perante as outras agências tradicionais de intercâmbio, fiquei animado e me inscrevi na hora. Porém aquela animação durou pouco tempo e após algumas semanas já nem lembrava mais sobre.

Arquivo pessoal

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Cryslan de Moraes no acampamento de verão com crianças em vulnerabilidade social em Arequipa

Então, que final de novembro, entrou uma nova dirigente na Aiesec de Florianópolis, ela veio com vigor total e disposta a fazer meu intercâmbio acontecer. Nos poucos dias que conversamos a vontade de sair daquela minha zona de conforto e contribuir de alguma forma com o mundo só aumentava. Em menos de uma semana, sem pensar muito, decidi o país e o projeto, e para não voltar atrás da minha decisão logo comprei as passagens.

O país

Já estava convicto que seria a América Latina o destino, sempre fui apaixonado pela cultura latino americana e queria um país onde eu pudesse encontrar isso da forma mais impactante. Escolhi o Peru, fora dos roteiros comerciais e clichês de intercâmbio, com uma grande bagagem histórica e onde encontraria lugares fascinantes. Acertei no país assim como na cidade, fiquei em Arequipa, uma cidade no interior do país, em meio do deserto, com baixa qualidade de vida e uma infraestrutura  totalmente despreparada, exatamente o que esperava.

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Chegada

Era o 1º dia do ano quando embarquei para essa experiência, se eu queria emoção eu comecei bem. Depois de sair de Floripa, chegar em São Paulo rumo a Lima, capital do Peru, sou parado na imigração e descubro que estou sem documento nenhum, eu perdi no embarque  do primeiro voo. Então a Polícia Federal me manda de volta para Floripa (já estava conformado que não iria mais), até que chego em casa, encontro uma identidade antiga e tento novamente, ai sim com sucesso.

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O projeto

Em Arequipa desenvolvi um projeto de acampamento de verão com crianças carentes e em vulnerabilidade social, situado na favela da cidade, junto com outros jovens do Brasil, Suíça, Alemanha e Paquistão. Lá, ficamos responsáveis por levar esporte e aulas de liderança para as crianças durante as suas férias, até por que os pais não teriam condições de estar com elas em casa, pois precisavam trabalhar. Trabalhávamos todos os dias úteis, de maneira volumosa, no entanto, cada dia e cada aula nos traziam um sorriso dos seres mais verdadeiros do mundo que era recompensador e fazia-nos entender o porquê estávamos naquele lugar. O projeto foi tão intenso que nós intercambistas se tornamos como uma família.

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Família

Bom, a parte que mais me deixava nervoso era a hospedagem, onde eu já sabia que uma família da cidade iria me adotar. E eu tive muita sorte de ter sido adotado em uma família incrível, a adaptação foi tão boa que me sentia realmente como um filho, passamos por muitos momentos e eles se preocupavam muito comigo. Lembro exatamente do meu primeiro passo na minha chegada no aeroporto e eles vieram na maior alegria me abraçar.  Eram 3 irmãos e os pais, todos se tornaram especiais fazendo essa experiência ter sido a melhor da minha vida, sentimento eterno de gratidão.

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Viagem

O Peru é um país andino onde se encontra uma diversidade surpreendente, nas 7 semanas que estive no país fui da selva ao deserto, da praia até alguns lugares com neve. Cada final de semana era dedicado para um destino no país, como o belo Oásis Huacachina, o canyon mais profundo do mundo, Colca Canyon, o lago mais alto do mundo, Titicaca, e o todo poderoso Machu Picchu. Foram viagens que recarregaram minhas energias e fizeram repensar em muito minhas atitudes.

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Amigos

Uma das minhas partes favoritas de viajar é conhecer pessoas diferentes de todas as partes do mundo. Em conversas rápidas dá para conhecer tanto sobre uma cultura e criar vontade de conhecer lugares que nunca tinha pensado em ir. Trouxe do Peru uma bagagem cheia de amigos também intercambistas, a maior parte brasileiros, todos com o mesmo objetivo e propósito compartilhando da mesma experiência. Alguns se tornarão mais que amigos, como os que trabalharam comigo no projeto, são como irmãos que ainda quero encontrar e tomar café na casa de cada um haha.

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O Peru deixa um legado enorme, o país berço da civilização Inca e ainda pouco explorado pelos brasileiros faz eu voltar para o Brasil com a certeza que fiz a maior experiência da minha vida, entender a história e compreender toda aquela cultura me fez refletir em muitos momentos, sei o quanto significante e impactante foi para aquelas crianças, mas nessa relação quem mais aprendeu foi eu. Tenho muito mais orgulho de fazer parte do meu país e uma compreensão do meu papel para torna-lo um país melhor. Só tenho a agradecer esse país por tudo que passei!

As vantagens de se fazer um intercâmbio tradicional já são muitas, como conhecer um novo idioma, fazer amigos, agregar o seu currículo e mergulhar em uma cultura diferente da sua. Porém, aliar esses benefícios com a chance de ser um agente positivo de mudança e impactar diretamente a vida de tantas pessoas que necessitam é muito melhor. Por isso recomendo esse modo de intercâmbio, onde podemos nos desenvolver e ter uma consciência global. Além disso, os projetos geralmente duram entre 6 a 10 semanas, tornando mais flexível para o nosso calendário.

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Para quem ficou na dúvida, só digo uma coisa: Se joga!

Por Cryslan de Moraes

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