Entrevista: vinícola inova e aposta no enoturismo em SC

À frente da Vinícola Panceri, de Tangará, e do Sindicato da Indústria de Vinho de Santa Catarina, o empresário Celso Panceri trabalha com três prioridades. Uma é a inovação na sua vinícola, outra envolve o desenvolvimento do enoturismo nos municípios de Tangará, Pinheiro Preto e Videira e a tercerira foca um selo para os vinhos catarinenses.

Confira a entrevista:

Como o senhor entrou no mundo do vinho?

Eu nasci nesse setor. É um negócio de família. Meu avô e meu pai sempre trabalharam com isso. A única coisa que aprendi foi cultivar uvas e fazer vinhos. Somos descendentes de italianos. A gente conserva as tradições italianas. O vinho está na nossa vida como um filho. A gente até emprestou o nome nosso para os vinhos, Panceri. Tivemos sucesso no setor. A gente vive desse setor. Minhas duas filhas estão estudando, mas já colaboram com o nosso negócio. 

Vocês atuam com outros negócios?

Não, diferente de outros empresários que entram mais para ter um hobby, nós vivemos disso. A gente está conseguindo. Nossa empresa tem 16 empregados, 16 hectares de cultivo de uva. Produzimos desde suco, vinhos mais simples, espumantes e vinhos reserva. Temos, atualmente, melhor ranking de qualidade de produtos, são mais de 50 títulos conquistados no Brasil e fora com os nossos vinhos.

Como estão as exportações?

Fomos a primeira empresa catarinense a exportar para os EUA e Europa, dois mercados exigentes, desde 2006. Desde essa data estamos exportando, embora não em volume significativo. Exportamos um sauvignon Blanc, um merlot e um cabernet sauvignon. 

O que estão fazendo para inovar?

Tentamos sempre inovar, quer seja no campo, na indústria ou em produtos. A última que fizemos foi com apoio da Fapesc. Desenvolvemos  um ice wine licoroso. Demos o nome de Passito. Feito com uvas desidratadas. É um produto diferente para o mercado brasileiro. Também inovamos em sucos. Desenvolvemos um suco natural, integral, mas que mantém o sabor da uva.  

O senhor é o presidente do Sindicato da Indústria de Vinho. Como está o setor?

De um lado temos grandes produtores. Do outro lado, temos famílias mais humildes que dependem do vinho. Essas propriedades trabalham bastante, mas têm dificuldades. Acho que o governo deveria criar uma excelência para os vinhos de SC. Quem faz  bem, que tenha um selo de qualidade. Aí o Estado ganharia com isso e os produtores também. Eu acho que está tudo para fazer ainda em Santa Catarina no setor de vinhos. Há os que plantaram vinhedos novos, conseguiram montar uma equipe técnica. Por isso têm qualidade. Eu estou mais preocupado com os mais humildes. 

Como está o enoturismo no Meio-Oeste?

Estamos desenvolvendo uma rota de vinícolas para as regiões de Tangará, Pinheiro Preto e Videira. Para ver como vivemos, participar de uma vindima tradicional, com colheita de uva. Temos muitos produtores, cerca de 100. Tangará tem seis vinícolas, Pinheiro Preto tem 20 vinícolas e Videira tem mais. O Estado tem, hoje, 111 estabelecimentos que processam uva para fazer vinho e suco. O maior número está na nossa região. Foi aí que nasceu a vitivinicultura do Estado. Temos museu, gastronomia.

E na Panceri?

Na nossa vinícola, temos receptivo durante o horário comercial de segunda a sábado. Nos fins de semana e feriados é agendado. Junto à vinícola, temos o Museu da Vitivinicultura de Santa Catarina, é um dos mais importantes do país sobre essa atividade.  

Como vê o futuro do setor?

Na minha opinião, se não mudarmos, não incluirmos castas de uvas mais produtivas, nosso futuro estará comprometido. Não temos áreas para trabalhar com escala.  

Acompanhe as publicações de Estela Benetti

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