Enoturismo – vá para fora cá dentro

Um dos vetores estratégicos para o crescimento do turismo é a diversificação da oferta e a potencialização dos recursos de cada região, onde se valoriza o que é único e singular. Neste contexto, surge o “Enoturismo”, uma combinação de experiências gastronómicas e vinícolas que se tem afirmado cada vez mais no panorama turístico do nosso país, uma natural consequência do nosso vasto património vitivinícola nas diversas regiões de Portugal e da elevada qualidade do vinho português.

O que é exatamente o Enoturismo? Sendo um conceito ainda recente, há que pensá-lo como estando ligado à terra, a experiências e viagens sensoriais, a culturas, histórias e emoções, pressupondo o contacto directo do turista com as diversas actividades relacionadas com a cultura da vinha e com a produção dos vinhos. O Enoturismo vai, ou deve ir, muito além de uma simples visita às caves seguida de uma prova de vinhos, e é por isso que hoje todos nós, os que abrimos as portas das nossas adegas, convidamos o turista a vivenciar a cultura e a tradição onde estamos presentes. As experiências que oferecemos já vão bem para lá da visita e prova ou da simples aprendizagem do processo de produção da uva ou do conhecimento das etapas do processo produtivo do vinho, dos seus aromas e sabores. As novas experiências passam por provas de vinhos diferentes e inesquecíveis, pela escolha de um vinho para acompanhar uma determinada refeição, por programas de culinária com sugestões de pairings, ou até pela participação nas vindimas, na colheita das uvas e pisa a pé com trabalhadores locais, recriando os processos tradicionais. São, em suma, uma série de experiências e vivências memoráveis.

E se os estrangeiros, sobretudo ingleses e franceses, há muito que lideravam o rol de apaixonados pela nossa oferta enoturística, assim como também espanhóis, brasileiros e alemães, seguindo o mote “viaje cá dentro” também os portugueses estão cada vez mais rendidos ao charme dos cenários vínicos nacionais.

Seja o enoturismo o core business de algumas adegas ou apenas um mero canal promocional para outras, as vantagens inerentes a este “negócio” são inúmeras, tais como a venda direta do produto, a promoção e fidelização à marca, feedback direto sobre os produtos, aumento de potenciais consumidores, alargamento a novos segmentos de mercado, oportunidade de venda de outros produtos, novas parcerias e novas fontes de rendimento.

Mas a maior das vantagens está no que este canal de negócio traz para as comunidades locais: empregabilidade, aumento do número de visitantes e dos seus gastos em compras, desenvolvimento de uma imagem de destino, atração de novos investimentos, desenvolvimento de novas infraestruturas e revitalização de atividades económicas tradicionais. É por isso que eu diria até que, sempre que for possível, se torna quase uma obrigação dos produtores para com as comunidades em que se inserem “abrirem as portas das suas adegas”.

O enoturismo é sem dúvida uma tendência consolidada, onde Portugal consegue facilmente “brilhar”, tornando o nosso país um destino de eleição com ofertas turísticas que conseguem ir além das visitas às grandes cidades, ou às nossas maravilhosas praias, englobando assim regiões do nosso país até então menos visitadas. Este caminho ascendente pode ser explicado pelo maior esforço de promoção e do reconhecimento da qualidade dos vinhos portugueses. E a perspetiva futura é a de que o enoturismo marque uma presença ainda mais forte e promissora no setor turístico ao longo dos próximos anos, tornando-se importante investir na contínua e progressiva qualidade e inovação destes serviços.

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