Dono de um dos maiores litorais do mundo, Brasil recebe poucos turistas

Estimuladas pela brisa constante do mar, dunas ganham formas transitrias, que logo se perdem na imensido aquecida pelo sol forte. No meio delas, um sertanejo puxa lentamente seu burrinho, embalado pelo assobio da ventania.

O homem e seu inseparvel companheiro de jornada ora surgem na vastido, ora desaparecem entre montanhas de areia que, dependendo da incidncia de luz, assumem uma tonalidade cor-de-rosa. A variao de cores se deve tambm mistura de terra com areia da regio, chamada Costa Branca, no extremo norte do Rio Grande do Norte. Ali, o serto se despe da aridez da caatinga e corre ao encontro do mar.

Daquele visual parecem emanar foras capazes de transportar o viajante para longe de suas referncias. No lampejo de um instante, a vontade de esquecer o passado, mandar tudo s favas e viver para sempre na praia de areias brancas e guas mornas, cercada por dunas ensolaradas.

Num pas de dimenses continentais como o Brasil, no so poucas as chances de encontrar lugares paradisacos assim, que podem ser descritos como destinos dos sonhos.

Territrio de paisagens, sabores, cores, culturas e credos diversos, emoldurado por uma costa de mais de 7.000 km, o Brasil est no topo das preferncias dos turistas nativos. No ocupa este posto sozinho, entretanto: empata com os Estados Unidos, outro gigante, igualmente belo e complexo. Considerando apenas os paulistanos que pertencem classe A, o pas atinge 29% de citaes. isso o que revelam os dados do Datafolha.

Em termos de peso turstico global, porm, os dois mal se comparam. Se o Brasil superou pela primeira vez a marca de 6 milhes de visitantes estrangeiros em 2014—chegaram por aqui 6,4 milhes de pessoas—, os Estados Unidos receberam,no perodo, mais de 70 milhes de viajantes internacionais.

CONTRASTES TROPICAIS

Ao falar de Brasil, a tentao exaltar os Brasis que deram forma e ritmo clssica “Aquarela Brasileira”, cano famosa na voz de Martinho da Vila, que descreve as maravilhas do pas, de norte a sul.

Mas quem se dispuser a fugir desse roteiro —e, sobretudo, das rotas armadas pela indstria do turismo de massa— ver os caminhos se abrirem para uma fatia mais autntica deste pas feito de contrastes.

Das impressionantes formaes de cnions que seguem por um corredor no Rio Grande do Sul ao intrigante deserto cor-de-rosa das Dunas do Rosado, no Rio Grande do Norte, descrito na abertura desta reportagem, a natureza ostenta generosidade: ela pauta andanas, abre trilhas e colore imagens.

Seja a Diamantina, na Bahia, a dos Veadeiros, em Gois, a dos Guimares, em Mato Grosso, ou a recndita das Mesas, ainda inexplorada, no Maranho, as chapadas congregam montanhas, rios e cachoeiras. No Nordeste, dunas e falsias enfeitam praias com mar da cor do Caribe. O oceano transparente que banha o arquiplago de Fernando de Noronha convida a um mergulho em um dos destinos mais desejados por praticantes desse esporte.

No parque do Jalapo, em Tocantins, a terra do capim dourado, desertos com dunas a perder de vista acolhem fervedouros de onde brota gua pura. o corao do Brasil.

O viajante que fizer um safri no Pantanal entrar em contato com uma das maiores biodiversidades do mundo. Com pacincia, poder ver onas, capivaras ou jacars e
observar uma infinidade de pssaros. Ao cair da noite, o cu se enche de estrelas. Na cheia, na vazante ou na seca, a cada temporada a exploso de vida cria roteiros distintos.

Temos, ainda, a maior floresta do planeta, serpenteada por rios to largos que no deixam ver a outra margem. Alguns desses cursos exibem cor de mar em suas guas; outros, de cu. Em boa parte deles, ela parece Coca-Cola. Na regio amaznica, os rios formam ondas que arrebentam em praias de areia fina.

No nosso pas tropical, banhado pelo sol o ano todo, o alto da serra do Rio do Rasto, em Santa Catarina, fica polvilhado de neve no inverno.

Turistas brasileiros costumam se embasbacar diante do espetculo promovido pelas guas das cataratas de Nigara, entre o Canad e os EUA. Algum precisa apresentar quela turma a sequncia de quedas de uma das maiores cataratas do planeta: as de Foz do Iguau, no Paran.

Longe dos holofotes tursticos, um encontro grandioso entre rio e mar separa os Estados de Alagoas e Sergipe, onde o rio So Francisco abraa o oceano depois de percorrer cerca de 3.000 km desde a nascente, na serra da Canastra, em Minas.

DISSABOR BRASILEIRO

Explorar o Brasil custa caro. fato. Em boa parte dele, a infraestrutura precria e ineficiente —no d para sair de So Paulo e esperar que um restaurante de Munda, onde mar, rio, mata e dunas se entrelaam no litoral oeste do Cear, tenha ritmo e atendimento “padro paulistano”.

A insegurana, essa praga que anda impregnada nos grandes centros, infelizmente tambm encontrou morada nos rinces do pas.

Mas quem se propuser a desbravar tal territrio ir se deparar com maravilhosos cenrios e, em geral, um povo hospitaleiro —e tambm desconfiado, pelos lados das Gerais.

fantstico sair por a, descobrir o mundo, mergulhar na histria e na cultura de outros povos, aprender a se comunicar em outras lnguas, conhecer costumes diversos e fazer um punhado de amigos.

Melhor ainda poder seguir em frente carregando imagens e referncias do nosso pas, que a maioria dos brasileiros ainda desconhece.

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QUEM LEVA

Freeway Viagens – (11) 5088-0999, www.freewayviagens.tur.br. Chap. Diamantina: a partir de R$ 1.794*. Inclui quatro noites em apto. duplo, guia, traslados e seguro. Sadas at o dia 31/8.

Azul Viagens, (11) 4003-1181, www.azulviagens.com.br. Foz do Iguau: a partir de R$ 1.362,20*. Inclui areo e quatro noites em apto. duplo. Sada: 21/10.

Visual Turismo, (11) 3235-2000, www.visualturismo.com.br. Fernando de Noronha: a partir de R$ 2.537*. Inclui areo, trs noites em apto. duplo, passeio e traslado. Sada: 18/10.

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