Dark tourism: locais turísticos associados à morte ou genocídios

Quando ouvimos a palavra turismo, logo pensamos em belas paisagens, conforto e um monte de turistas tirando fotos sorrindo. Para alguns, é sinônimo de férias divertidas e logo o neologismo “turistar” entra em ação. Já para outros, tirar férias vai além de apenas viajar. É o momento de viver novas experiências e entender melhor sobre a história e cultura local.

Dentre os tipos de roteiros escolhidos pelos viajantes que colocam as experiências em primeiro lugar, temos o ‘dark tourism’, ou turismo negro como conhecido no Brasil. Consiste em visitar locais associados à morte, genocídio ou tragédias, como o Memorial 9/11,  em Nova York, o campo alemão de extermínio em Auschwitz, na Polônia, ou a cidade de Pompéia, onde o vulcão Monte Vesúvio destruiu uma cidade toda e quem estava por lá.

Créditos: Arquivo pessoal

Entrada do campo de extermínio alemão de Auschwitz, na cidade de Oswiecim, na Polônia

A verdade é que esse tipo de turismo não é novo. A novidade é que várias empresas estão comercializando roteiros aos destinos “macabros”, só que muitos turistas pouco se importam com a história por trás deles.

A paixão por viajar e voltar com grandes experiências na bagagem levou a brasiliense Rayane Azevedo, 31 anos, para a Europa num roteiro completo dos locais que foram palcos da 2ª Guerra Mundial. Ela visitou alguns países que sofreram com a guerra como Holanda, Alemanha, Polônia, República Tcheca, Hungria e Áustria.

Créditos: Arquivo pessoal

Murro do Gueto de Varsóvia

“Quando decidi viajar para comemorar meus 30 anos, minha inspiração para montar o roteiro foi a guerra. Queria ver de perto tudo o que aconteceu naquela época e entender melhor a história que eu só conhecia através de livros e documentários. Coincidência ou não, foi no mesmo ano que estavam comemorando 70 anos do fim da guerra. Acho que isso aumentou ainda mais minha vontade de estar lá. No dia do meu aniversário eu estava em Amsterdã e, às 20h, o país inteiro ficou 2 minutos em silêncio para homenagear às vítimas da guerra, já que o dia 5 de maio representa o dia da libertação da Holanda do regime nazista. Em Berlim, os descendentes dos soviéticos estavam comemorando a derrota dos nazistas, um contraponto para lá de questionado visto que ambos cometeram barbaridades: um durante a guerra e o outro depois. Presenciar isso foi algo tão intenso e reflexivo, que tenho certeza de que estava no lugar e hora certos”.

Créditos: Arquivo pessoal

Feldherrnhalle, um dos locais preferidos de Hitler para seus discursos em Munique, na Alemanha

Robert Raid, no artigo da “National Geographic”, relata que esse tipo de turismo ajuda a tornar a história real e que confrontar os exemplos de crueldade do homem para com os homens pode ser uma experiência profundamente comovente. Colocar em evidência a guerra, a opressão, a violência e a injustiça à vida, faz com que nos aprofundemos em nossa capacidade de compaixão e empatia.

“Não me lembro quantas vezes eu chorei ou fiquei arrepiada. Senti raiva muitas vezes e me perguntei como o ser humano pode ser tão cruel. Fiquei com raiva também de ver vários turistas que estavam em Auschwitz, por exemplo, tirando selfie sorrindo. Enquanto eu quase não tirei foto porque estava chocada com o que vi e passeio a maior parte do tempo refletindo sobre o que eu poderia fazer para tornar o mundo melhor. Quando o ônibus estacionou, a guia avisou que não era permitido comer durante a visita em respeito as mais de 1 milhão de pessoas que morrem lá. Mesmo assim, teve gente que não se importou com isso e abriu um pacote de cereais. Como alguém tem coragem de sorrir num lugar assim? Será que mesmo vendo toneladas de cabelos que vão do chão ao teto, as pessoas não conseguem sentir compaixão por quem os perdeu?”, pergunta Rayane.

Créditos: Arquivo pessoal

Parte do que restou do muro de Berlim

Muitas agências de turismos estão fazendo esse tipo de passeio e muitos turistas estão em busca de locais sombrios para a próxima viagem. Raid faz uma colocação interessante que devemos nos perguntar antes de fechar o passeio: estou viajando para lá para aumentar minha capacidade de compreensão da história ou simplesmente porque tenho uma curiosidade mórbida?

Alguns estudos apontam que o dark tourism pode ser um grande catalisador para cura e mudança da humanidade em busca de um mundo melhor, quando o foco é na compreensão de toda maldade e crueldade cometida.

Créditos: Arquivo pessoal

Porta giratória na Casa de Anne Frank, em Amsterdã, na Holanda

“Quando a gente escolhe visitar um destino que foi palco de qualquer catástrofe, temos que levar em consideração que aquele local conta uma história e que famílias sofreram e sofrem até hoje. O mínimo que podemos fazer é respeitar o sofrimento alheio e refletir sobre o que a gente pode fazer para tornar o mundo melhor. Viajei com um orçamento superapertado e também não fui para lá para fazer trabalhos voluntários como faço em outras viagens, mas quando cheguei lá, senti necessidade de preencher o vazio que a guerra causou. A cada cidade que deixei para trás, deixei também uma muda de roupa para o primeiro morador de rua que encontrei. Voltei para casa quase sem nada, mas com vários sorrisos guardados na lembrança. É pouco, eu sei, mas foi a maneira que encontrei de dizer a eles que eu sinto muito por tudo o que aconteceu”, diz Rayane.

A Rayane criou um projeto de financiamento coletivo para publicar o livro “ Trintando pela Europa” baseado nessa viagem e como recompensa, você pode comprar o livro e o roteiro completo dos seis países que ela visitou, com todos os locais que foram palcos do maior genocídio em massa da história. As doações e recompensas podem ser acessadas no site www.catarse.me.

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Crédito da imagem: Arquivo pessoal

Trem de carga que levava os prisioneiros aos campos nazistas de Auschwitz-Bikernau

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Crédito da imagem: v

Sala com os sapatos dos prisioneiros de Auschwitz

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Crédito da imagem: Arquivo pessoal

Memorial do Holocausto em Berlim

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Mapa do complexo nazistas de Auschwitz-Bikernau

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Fotos dos judeus mortos no complexo nazistas de Auschwitz-Bikernau

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Crédito da imagem: Arquivo pessoal

Interior das selas do complexo nazistas de Auschwitz-Bikernau

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Crédito da imagem: Arquivo pessoal

Trilhos do campo nazista de extermínio de Auschwitz-Birkenau

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    Trem de carga que levava os prisioneiros aos campos nazistas de Auschwitz-Bikernau

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    Sala com os sapatos dos prisioneiros de Auschwitz

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    Memorial do Holocausto em Berlim

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    Interior das selas do complexo nazistas de Auschwitz-Bikernau

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    Trilhos do campo nazista de extermínio de Auschwitz-Birkenau

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