Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado
É fácil reviver o passado em Piranhas, no sertão alagoano. Cravejada nas montanhas às margens do rio São Francisco, seu casario em cores vibrantes, canoa de tolda, cânion do São Francisco, mercados, e festas, principalmente as vaquejadas, dão o tom para a novela “O Velho Chico”.
Se hoje a região é cenário e personagem dessa novela, fique sabendo que toda a formosura da paisagem de Piranhas e de seu entorno foram cenário dos filmes: “Bye, Bye Brasil”, de Cacá Diegues, e “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas; além de outra novela global, “Cordel Encantado”.
Em 2003 o município de Piranhas foi declarado Patrimônio Nacional, pelo Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Arrastando o pé por lá, repare nas cores das casas, edifícios públicos, pontes, escadarias e igrejas de Piranhas. Cada detalhe de acabamento da arquitetura como, batentes, frisos, entalhes, altos-relevos, cornijas, bandeiras, caixilhos e frontões, têm cores contrastantes com as das paredes. O resultado é um harmonioso e vibrante conjunto, que permeia toda cidade. Confira também a limpeza das ruas e da praia local.
O ponto alto dessa viagem se resume numa navegação pelo rio São Francisco e ancorando nas pequenas vilas às suas margens. Este passeio refaz trajeto histórico e remete a um passado quase perdido no tempo. Atente para as embarcações que navegam pralapracá no Velho Chico. Desde as ‘borboletas’, pequenas canoas com velas que de tão ágeis parecem voar sobre as águas, passando por saveiros, até a rara ‘canoa de tolda’.
Essa embarcação, dizem os historiadores, com suas velas de origem asiática e a peculiar ‘tábua de bolina’, uma espécie de leme que fica na lateral, foi trazida no século 17, pelos holandeses e adornavam o ‘Velho Chico’. Esta canoa confirma o patrimônio naval das embarcações brasileiras como um dos segmentos mais significativos de nossa cultura, além de ser o mais rico do mundo em tipos de barcos em ecossistemas variados.
Piranhas não é só uma cidade feita de paredes coloridas, mas também de histórias e personagens, como a da visita D. Pedro 2º. Porém o acontecimento mais famoso se deu em 1938 quando nas redondezas a polícia despachou para sempre o Cangaço. Mas isso fica para uma outra história.
