Brasileiros desistem de viagem a Paris, e empresas reembolsam passagens

Os atentados em Paris, capital do pas mais visitado do mundo, alteraram a rotina de brasileiros que pretendiam viajar para a cidade.

A administradora carioca Maria Jos Soares, 69, embarcaria com a sobrinha no sbado (14), mas desistiu ao acompanhar a cobertura dos ataques na madrugada anterior ao voo.

“O que vamos era uma situao de horror e a cada hora mais imagens terrveis apareciam… Achei que seria muito arriscado ir”, conta.

Grayce Guglielmi Balod, 46, de Cricima (SC), ainda no se decidiu sobre o que fazer com a viagem que fechou, em junho, para as duas filhas –marcada para 12 de dezembro.

“As meninas querem muito ir, mas eu fiquei bloqueada: no sei se ao coloc-las no avio vou lev-las para passear ou coloc-las em risco”, afirma.

“At o final da semana vamos acompanhar as notcias. Se eu achar que ser melhor para a segurana delas, claro que vou cancelar.”

Agncias de viagens tambm tm sido procuradas por pessoas preocupadas com as viagens capital francesa.

Na Interpoint, de So Paulo, um cliente pediu para deixar de fazer uma conexo em um dos aeroportos de Paris e outros solicitaram mudanas no roteiro: iriam comear a viagem por Paris e agora querem encerrar por l, na esperana de que o clima esteja menos tenso.

Annamlia Brando, 29, advogada do Recife, est tentando reembolso das passagens, marcadas para o dia 24, compradas em agosto para ela e o filho de 4 anos; se conseguir, vai deixar para conhecer Paris em outro perodo, mais calmo.

“Ir agora no poder curtir a cidade ao mximo: teria que fazer passeios s de dia e, mesmo assim, em um clima tenso, com policiais por todos os cantos. No seria a viagem dos sonhos que planejei”, afirma.

As companhias que operam a rota entre So Paulo e Paris vo permitir a remarcao sem custos: na Air France, dos bilhetes marcados para at o dia 22; na TAM, dos emitidos at dia 30.

A associao de defesa do consumidor Proteste sugere que o turista que no se sentir seguro procure os operadores o quanto antes.

“Como uma circunstncia excepcional, a chance de conseguir um acordo maior”, diz a supervisora institucional da entidade, Snia Amaro.

NO CEDER AO PNICO

Segundo o Consulado da Frana no Brasil, ” importante no desistir de viagens e no ceder ao pnico, que o objetivo dos terroristas”.

Nesta segunda (16), Paris tentava retomar a normalidade nas atraes tursticas.

O museu do Louvre, a torre Eiffel, as grandes lojas e os prdios do Centro de Monumentos Nacionais –caso do Arco do Triunfo e de passeios guiados pela Notre Dame– reabriram.

Nesta tera (17), o castelo de Versalhes deve voltar a receber visitantes; a Disney de Paris s planeja funcionar novamente a partir de quarta (18).

E ainda que alguns brasileiros tenham desistido da viagem, muitos pretendem manter os planos, apostando que a capital francesa vai voltar ao normal em pouco tempo. Alguns criaram grupos em ferramentas como o WhatsApp para trocar informaes e tirar dvidas sobre viagens cidade –a Folha est em dois deles.

Um deles administrado pelo bancrio Hugo Santos, 32, de Ribeiro Preto (SP), que passa a lua de mel em Paris. “Desembarcamos aqui no dia 10 e fomos direto para Londres. Voltamos hoje [16] e vimos a diferena: na ida, nem passamos por revista, hoje havia muita revista e policiamento”, conta.

“Mas o clima est tranquilo nas ruas, bares e restaurantes j esto cheios.”

A professora Camila (no quis divulgar o sobrenome), 29, de Manaus (AM), que pretende manter o embarque para o prximo dia 8, tentava manter o nimo dos colegas em outro grupo.

“Fiquei abalada, mas uma viagem que eu sempre quis fazer, e que foi muito planejada, inclusive financeiramente. Acredito que at eu embarcar a segurana vai aumentar, as coisas estaro tranquilas”, afirma. Ela estima gastar R$ 27 mil, com o namorado, para um ms na Europa.

A advogada Dilma Resende, 48, do Rio, tambm decidiu manter seus quase 15 dias de estadia em Paris –chegou cidade no sbado (14).

“Fiquei um pouco tensa, porque estou com minhas filhas, mas j percebi tudo voltando ao normal: o dono do imvel que alugamos veio nos ver e nos tranquilizar e vimos ruas movimentadas, escolas funcionando, apesar de em todos os lugares haver policiais fortemente armados”, conta.

Ela s desistiu de ir Blgica, pas que no conhece –e no qual, segundo as investigaes iniciais, os ataques a Paris teriam sido planejados.

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