A&D Wines Da vista do vinho verde para o Douro até ao enoturismo

O enoturismo é a nova aposta da AD Wines, o projeto vitivinícola que Alexandre e Dialiana Gomes estão a desenvolver na Região dos Vinhos Verdes, com três propriedades em Baião. No total são 45 hectares de vinha, mas o projeto começou com a recuperação da recém-adquirida Quinta de Santa Teresa, com o plantio de novas vinhas e a construção de uma nova adega, o que corresponde ao grosso do investimento. Até ao final do ano estará em funcionamento a nova sala de provas e uma wine shop.
Alexandre e Dialina são engenheiros eletrotécnicos e têm na sua empresa de eletrónica, na Maia, especializada no controlo de acessos e terminais biométricos a atividade principal. Só que a paixão deste casal é pelos vinhos. Uma tradição familiar, de há várias gerações, que tem em Baião o seu centro nevrálgico.

Neste ano, e depois dos vinhos, a aposta recai no enoturismo: “Estamos a construir uma pequena unidade de enoturismo, com uma sala de provas e uma cozinha de apoio, para podermos receber clientes e visitantes. Sentimos crescentemente a necessidade de fazer provas e degustações, até como forma de apoio à vertente comercial dos nossos distribuidores estrangeiros”, diz Dialina Gomes. No futuro, a empresa admite incluir estada nos seus pacotes de oferta de enoturismo, mas há que dar passos seguros: “Não conseguimos fazer tudo ao mesmo tempo, o nosso foco principal é o vinho. O enoturismo, para nós, é uma forma de as pessoas que nos visitam se sentirem em casa”, acrescenta. Já Alexandre Gomes sublinha que a nova área de negócios faz parte de uma “diversificação de atividades” que trarão “mais rentabilidade” ao projeto da AD Wines.

Nova marca
Quanto aos vinhos, com a compra da nova propriedade, a empresa lançou novas referências no mercado, com as marcas Singular e Monólogo. “Os Monólogo são os nossos vinhos monocasta – arinto, avesso e chardonnay – produzidos a partir de parcelas específicas. O Singular é o nosso topo de gama. Desafiámos o nosso enólogo, o Fernando Moura, a selecionar as parcelas que mais lhe interessavam para fazer um vinho que traduza o que de melhor fizemos na vinha nesse ano. Por natureza, estes vinhos serão diferentes de ano para ano”, explica Alexandre Gomes. Logo no primeiro ano, o Singular recebeu 91 pontos pelo conceituado crítico de vinhos americano Robert Parker.

Já em 1991, quando herdou a Quinta do Arrabalde, o casal decidiu reestruturar os 5,5 hectares de vinha, apostando em castas autóctones da região: o avesso, o arinto e o alvarinho. “Não pretendíamos fazer disto uma atividade profissional, só não queríamos a propriedade abandonada e, por isso, decidimos renovar a vinha, sempre numa perspetiva de autonomia, para que cobrisse os custos de manutenção”, diz Alexandre Gomes. Em 2005, compraram a Quinta dos Espinhosos (passaram a gerir 12 hectares de vinha) e juntaram as iniciais dos seus nomes para criar a AD Wines.
Em 2007 lançaram o primeiro vinho de marca própria, o Casa do Arrabalde, e, dois anos depois, surge o Espinhosos.

Mas foram surpreendidos pela crise. “Com restaurantes a fechar, a economia a cair, ninguém queria ouvir falar em marcas novas”, lembra Alexandre. A alternativa era chegar aos mercados externos e o casal pôs-se a caminho da Prowein, a maior feira do setor na Europa. As encomendas começaram a chegar e “os anos seguintes foram de consolidação, mas, ainda hoje, mantemos o primeiro cliente que conseguimos, na Bélgica”, conta Dialina Gomes. Com 15 mil garrafas, o vinho não chegava para as encomendas. “Começámos a perceber que não tínhamos área produtiva suficiente para dar resposta à procura internacional, mas, ao mesmo tempo, a Adega de Baião estava ‘pelas pontas’ e não tinha capacidade para receber mais uvas”, acrescenta. Para dar mais dimensão ao projeto e ganhar massa crítica, Alexandre e Dialina compraram então a Quinta de Santa Teresa, em 2015.
A aquisição permitiu quadruplicar a área de vinha, para um total de 45 hectares. Um investimento que, a prazo, pode chegar aos sete milhões de euros. O casal de empreendedores aguarda o licenciamento da obra para poder arrancar com a remodelação e a ampliação da velha adega na propriedade.

Olhar para fora
Com uma produção de 150 mil litros, o objetivo da AD Wines é chegar às 350 mil garrafas anuais, meta que pretendem atingir no prazo máximo de quatro anos. No ano passado, o mercado nacional representou, apenas, 5% das vendas, mas a associação à Decante, que tem agora o exclusivo da distribuição em Portugal, fez quadruplicar a quota no país.

Japão, Europa, com especial destaque para a Bélgica, e os Estados Unidos são os principais mercados da AD Wines. Os vinhos são produzidos em modo de produção integrada e a empresa está a fazer a conversão para produção biológica. “Os mercados internacionais olham para este selo como uma mais-valia e é uma tendência crescente no mundo dos vinhos de referência”, diz Alexandre Gomes. Ao mercado chegou a última novidade da empresa, o Monólogo Essência Avesso, que resulta de uma maturação extrema das uvas, “só possível em anos de condições climáticas especiais”. Como foi 2015.


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